Paulo Sotero – O Estado de S. Paulo, 12/30/2014
Três fatos novos alteraram, potencialmente para melhor, o ambiente para uma reaproximação entre Washington e Brasília, esperada no segundo mandato de Dilma Rousseff. A expectativa americana nesse sentido será reiterada pela presença do vice-presidente Joe Biden na segunda posse de Dilma – o mais alto nível de representação dos Estados Unidos no evento inaugural de governos no Brasil em um quarto de século. Dois dos três novos fatos foram gerados no Brasil.
Brasília deixou de insistir publicamente num pedido de desculpas de Washington pela espionagem da National Security Agency (NSA), que envolveu a Petrobrás, entre outros, depois que a Operação Lava Jato expôs os crimes perpetrados por funcionários e executivos brasileiros contra a estatal. O episódio, que fez a líder brasileira cancelar visita de Estado aos EUA em 2013, parece, assim, superado.
Multinacional que opera nos EUA, a Petrobrás enfrenta hoje inquéritos de duas agências federais americanas sobre possíveis desdobramentos dos crimes revelados pelas investigações no Brasil. Processos iniciados por investidores que se veem lesados pela roubalheira, como a cidade de Providence, em Rhode Island, devem multiplicar-se. A reputação de integridade pessoal de Dilma e o apoio explícito que ela vem dando à atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal no petrolão são bem-vistos em Washington. Indicam a disposição da presidente de não deixar que a relação bilateral seja contaminada pelas investigações do escândalo nos EUA, que podem ter desfechos muito ruins para a Petrobrás e seus executivos, independentemente da vontade da Casa Branca e do Planalto.
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Paulo Sotero is the Director of the Brazil Institute of the Woodrow Wilson International Center for Scholars.
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